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80ª Soea reuniu profissionais para projetar caminhos para o futuro do Brasil


O Sistema Confea/Crea e Mútua (Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea) realizou neste mês de outubro a 80ª edição da Soea (Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia) em Vitória, capital do Espírito Santo, evento que marcou um novo capítulo na história do Sistema ao promover debates de alto nível sobre o tema “Projetando Caminhos para o Futuro do Brasil”.

Mais do que reunir profissionais e autoridades em torno da Engenharia, da Agronomia e das Geociências, a escolha da temática ganha relevância por ocorrer em um momento estratégico para o país. Ao anteceder as eleições do Brasil, a Soea se consolida como um espaço privilegiado para apresentar propostas e soluções técnicas capazes de subsidiar políticas públicas e inspirar gestores a incorporarem medidas mais eficazes e sustentáveis em seus programas de governo.

Durante a cerimônia de abertura, o presidente do Confea, engenheiro de telecomunicações Vinicius Marchese, saudou os participantes e destacou o prestígio de reunir, em um mesmo espaço, tantos profissionais comprometidos com a Engenharia, a Agronomia e as Geociências. “O Sistema precisa se transformar em uma ferramenta de gestão pública. O papel do Confea é simplificar o trabalho dos profissionais”, afirmou Marchese.

Ele ressaltou que o principal propósito desta Semana é promover uma reflexão sobre os caminhos para o futuro do país. “É um grande momento de trabalho para vocês, que conhecem a realidade dos seus estados e municípios. São 300 horas de evento, mais de 200 palestrantes. Como profissionais, precisamos sair daqui ainda mais capacitados para contribuir com o desenvolvimento do Brasil”, enfatizou.

Infraestrutura e qualidade de vida — Vinicius Marchese também chamou atenção para a relação direta entre infraestrutura e qualidade de vida da população. “Estive no interior do Amazonas, onde os índices são piores justamente pela falta de infraestrutura. Lá, a expectativa de vida é de 66 anos, enquanto em São Paulo chega a 88. E somos nós que podemos mudar essa realidade. É daqui que podem surgir as soluções”, concluiu.

O anfitrião e presidente do Crea-ES, engenheiro agrônomo Jorge Silva, demonstrou grande entusiasmo em seu discurso e agradeceu a todos que, de alguma forma, contribuíram para a organização do evento. “Um agradecimento especial ao presidente do Confea, Vinícius Marchese, e ao governador do estado, Renato Casagrande, que nos apoiaram desde o primeiro momento. Também à vice-prefeita do município da Serra, Delegada Gracimeri, que representou o prefeito Weverson Meireles e esteve conosco nos preparativos para a realização deste evento”, destacou.

Jorge ressaltou ainda as novidades desta edição, como a 1ª Corrida da Soea e a 1ª Feira da Engenharia, ambas realizadas em conjunto com a Soea. “Essas iniciativas contaram também com o apoio da Mútua, por isso agradeço ao presidente Joel Krüger”, acrescentou.

Ele estendeu os agradecimentos a todos os presidentes dos Creas, aos conselheiros federais e regionais, e especialmente aos servidores do Confea e do Crea-ES. “Esses profissionais trabalharam dia e noite para estarmos aqui hoje, neste espaço grandioso, com muita inovação tecnológica. Agradeço também aos colaboradores dos demais Creas, que vieram de todas as partes do país.”

Governador — O governador do estado do Espírito Santo e engenheiro florestal, Renato Casagrande, que também preside o consórcio Governadores pelo Clima, marcou presença na solenidade. "Olha a potência do nosso agronegócio, olha a necessidade do investimento em inovação. Como fazermos isso sem um Conselho de Engenharia e Agronomia?". Em relação aos desafios globais do clima, ele defendeu que os países devem intercambiar ideias, com participação dos profissionais do Sistema Confea/Crea. A partir dessa ideia conclamou: "Viva a Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia!"

Com topografia diversa, biodiversidade é a palavra que resume o Espírito Santo. Casagrande compartilhou que a biodiversidade marinha do estado é impressionante e que o norte capixaba abriga a maior biodiversidade da mata atlântica. "A sociedade capixaba, nos últimos anos, tem colocado o estado num patamar interessante na produção de café, gengibre, mamão, celulose, aço. Nossa diversidade econômica é muito interessante. É o único Estado do Brasil que tem um fundo soberano, utilizado para incentivar inovação e empresas com práticas ESG." 

Atrações e facilidades — A 80ª Soea foi muito além da intensa programação técnica. Todos os dias, o público desfrutou de atrações culturais com artistas e bandas de destaque regional e nacional, como Macucos, Casaca e Monobloco, garantindo momentos de descontração e celebração.

Para as famílias, o evento disponibilizou novamente o Espaço Kids, preparado para receber as crianças enquanto os pais acompanham tranquilamente os debates e atividades da Semana.

Além disso, o público teve acesso a um espaço dinâmico com startups, grandes marcas, estandes do Confea, dos 27 Creas e da Mútua. 

Conta Comigo — Reafirmando o compromisso com o respeito e a segurança das mulheres, a Soea teve, mais uma vez, o projeto “Conta Comigo”. A iniciativa reconheceu os desafios ainda presentes no mercado de trabalho — como descrédito, assédio e desigualdade salarial — e ofereceu uma equipe treinada para acolher e proteger em situações de violência. Por meio de QR Codes espalhados pelo evento, as participantes puderam acionar o suporte sempre que se sentiram inseguras, reforçando a construção de um ambiente seguro e inclusivo. 

Engenharia Florestal descreveu cenários para o futuro

Os desafios da Engenharia Florestal passam, a exemplo de outras engenharias, pelos desafios das mudanças climáticas. Esta é uma das constatações do painel “Os 65 anos da Engenharia Florestal no Brasil e os Novos Desafios da Profissão”, durante o terceiro dia da 80ª Soea em Vitória, no dia 8 de outubro.  

“Estamos preocupados em sair daqui com diretrizes para o futuro do Brasil, algo que não tem como acontecer sem a participação do engenheiro florestal, tanto no campo da produção, para gerar os produtos e serviços que a sociedade precisa, mas também dessa grande demanda planetária que é o combate às mudanças climáticas”. Assim, o moderador do debate e vice-presidente do Confea, engenheiro florestal Nielsen Christianni, introduziu a discussão.

65 anos — Além dos 65 anos da instalação do primeiro curso de Engenharia Florestal no país – a Escola Nacional de Florestas, inicialmente em Viçosa (MG) e três anos depois, em Curitiba (PR) –, o ano de 2025 foi marcado pelo lançamento do Manual de Boas Práticas de Arborização Urbana, em iniciativa do Confea e da CCEEF (Coordenadoria de Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal). Prefeituras, profissionais e a sociedade em geral podem conhecer as boas práticas da arborização urbana, considerada um fator indispensável para enfrentar os desafios climáticos. O lançamento foi realizado durante a segunda reunião ordinária da CCEEF, em maio deste ano.

COP 30 — Outro marco do ano é a COP 30, a ser realizada no próximo mês, na cidade de Belém (PA). Atuação profissional regulamentada, reconhecimento de acervos técnicos profissionais e operacionais e ainda projetos, ações e serviços voltados à mitigação de emissões, ao aumento do sequestro de carbono, à oferta de serviços ecossistêmicos e à melhoria da qualidade de vida da população foram temas tratados durante a reunião de maio.

Ao início da sua conversa “densa”, o engenheiro florestal Marcos Leandro Kazmierczak traçou um cenário assustador  para o país, diante dos desafios das mudanças climáticas. “Mudanças climáticas e os desafios da silvicultura” foi o nome dado à apresentação, iniciada com a informação de que, em 1964, estávamos com 319 ppm. “É a concentração de dióxido de carbono que tinha quando eu nasci. E agora está em 427 e continua subindo”.

Talvez por isso, o secretário geral da ONU, Antonio Gutiérrez, fale não mais em mudança climática, mas em emergência climática, ressaltou Marcos Leandro. “Eu assino embaixo”. Ao informar que o conteúdo da apresentação seria “denso”, ele ressaltou que “as tendências não são nada boas, são muito desafiadoras”.  

Outros temas importantes debatidos foi a "Palmeirização urbana", os “desafios da Engenharia Florestal no licenciamento florestal”, o "Cadastro Ambiental Rural como política pública para a ampliação do acesso digital aos serviços e às informações digitais dos imóveis rurais do Brasil”.

Universidades — O vice-presidente do Confea, engenheiro Florestal Nielsen Christianni, lançou uma questão importante sobre a demanda dos cursos de engenharia florestal. “Estamos vivendo um momento em que é a melhor época para ser engenheiro florestal, mas a demanda nas universidades é muito pequena, faltam alunos (como na maioria dos cursos da área tecnológica). Cada prefeitura poderia ter no mínimo um engenheiro florestal. Ninguém tem uma formação mais voltada a resolver essa questão relativa ao clima do que a gente, propiciando uma melhor resiliência climática. Temos estatísticas que falam que cada um quilômetro pavimentado aumenta em 700% o volume de água necessário. Temos uma omissão de vários níveis na ocupação de diversas regiões”, comentou ele.

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